Escândalos envolvendo os Calheiros não se bastam na esfera política. Equipes do Ibama se depararam com coronelismo em estado
bruto durante uma operação de fiscalização no entorno da Estação Ecológica Murici (AL),
reduto eleitoreiro de Renan Calheiros.
Naquela região, denúncias de captura de aves silvestres, que abarrotam
cativeiros ilegais, são comuns. Multa vai, multa vem, e os fiscais
chegaram à casa da mãe do senador, onde mora o prefeito de Murici,
Remi Calheiros, irmão de Renan. Como a notícia de que os fiscais estavam
nos arredores corre depressa, as equipes só conseguiram flagrar no
local um sabiá, nove cutias e seis jabutis. O resto já tinha sido
prontamente removido. Remi Calheiros tentou de tudo para se livrar da
multa. Quis primeiro colocar a culpa em seu empregado, depois na própria
mãe. Para tentar impedir a ação do Instituto Chico Mendes, Remi exigiu
mandado judicial, mas se esqueceu que se tratava de flagrante. Ele
tentou ainda alegar que não era responsável pelos animais, acusou o
ICMBio de invasão de domicílio e resistiu à orientação que se dirigisse à
delegacia, ameaçando chamar polícia, promotores e todas as autoridades
do município. No final das contas, Remi foi levado à delegacia, recebeu
multa de oito mil reais e assinou, a contragosto, termo circunstanciado
por crime ambiental.
A Estação Ecológica Murici é o maior fragmento continuo de Mata
Atlântica que restou em Alagoas, com míseros seis mil hectares, e
atravessa um processo crítico de extinção em massa devido à restrição de
habitat e as pressões de caça. Apesar disso, pesquisadores ainda se
surpreendem com a existência de animais raros e ameaçados, como o
macaco-prego-loiro e o mutum-de-alagoas.
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