Dos
12 representantes alagoanos no Congresso, dez são de família de
políticos, como Renan Filho, sucessor de Renan Calheiros. Aliado de
Renan, Collor encontra dificuldade para fazer herdeiro político
O
primeiro presidente da República era de Alagoas: o marechal Deodoro da
Fonseca (1889-1891). Dezenove anos depois, um sobrinho dele assumiu a
Presidência – o marechal Hermes da Fonseca (1910-1914). Oito décadas
depois, um político alagoano subiu a rampa do Planalto pela primeira
vez: Fernando Collor de Mello (1990-1992). Neto de deputado e filho de
senador, Collor botou uma prima no Ministério da Economia e um primo no
Supremo Tribunal Federal (STF) durante seu breve mandato.
A
política pode nem sempre ser a mais republicana. Mas nunca deixa de ser
familiar em Alagoas. Dos 12 representantes alagoanos no Congresso,
apenas dois – os deputados Givaldo Carimbão (PSB-AL) e Rosinha da Adefal
(PTdoB-AL) – não são de família de políticos.
A
bancada alagoana dos parlamentares que têm parentes na política reúne o
mais rico dos 594 congressistas, o irmão de um ex-deputado foragido da
Justiça, além de nomes controversos, que, apesar de terem vivido
momentos de altos e baixos no cenário nacional, nunca deixaram a ribalta
local, como os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Renan Calheiros
(PMDB-AL).
Collor e Renan
Eles
foram inimigos, aliados, inimigos e agora, novamente, são aliados.
Alvos de duas das mais graves crises políticas da história recente do
país, Collor e Renan vêem seus herdeiros políticos viverem momentos
distintos. Enquanto o ex-presidente da República ainda não se recuperou
totalmente da queda, em 1992, o ex-presidente do Senado marcha alheio
aos escândalos que quase lhe custaram o mandato em 2007.
Nas últimas eleições, Renan renovou o mandato de oito anos e elegeu deputado Renan Filho (PMDB-AL). Os 140 mil votos recebidos por Renanzinho, como ele é mais conhecido, fizeram dele o mais votado da bancada alagoana na Câmara. Renanzinho deixou de lado a prefeitura de Murici (AL) e deixou a tarefa de concluir o mandato de prefeito ao seu vice, o tio Remi Calheiros.
Nas últimas eleições, Renan renovou o mandato de oito anos e elegeu deputado Renan Filho (PMDB-AL). Os 140 mil votos recebidos por Renanzinho, como ele é mais conhecido, fizeram dele o mais votado da bancada alagoana na Câmara. Renanzinho deixou de lado a prefeitura de Murici (AL) e deixou a tarefa de concluir o mandato de prefeito ao seu vice, o tio Remi Calheiros.
Mídia e poder
Além do interesse pela política, Collor herdou do pai um grupo de veículos de comunicação, que compreende o jornal Gazeta de Alagoas,
a afiliada da TV Globo no estado e diversas rádios. O controle dos
principais veículos de comunicação também une outras famílias alagoanas
com forte inserção na política alagoana e representantes no Congresso.
“O controle de mídia vem muito vinculado a esse controle político", diz o
professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Alberto Saldanha.
O
Sistema Costa Dourada de Radiodifusão, que transmite a CBN em Maceió,
por exemplo, é do grupo político de Renan Calheiros. A vinculação com o
controle da mídia envolve também outra importante família de políticos
alagoana: os Palmeira. A família do deputado Rui Palmeira (PSDB-AL) tem
participação no grupo Pajuçara Sistema de Comunicação, que inclui a
afiliada do SBT no estado.
Rui
Palmeira representa a terceira geração da família no Congresso. Ele
carrega o mesmo sobrenome do avô, o ex-senador Rui Soares Palmeira. O
deputado é filho do ex-senador, ex-governador e ex-presidente do
Tribunal de Contas da União (TCU) Guilherme Palmeira. É sobrinho do
ex-deputado federal Vladimir Palmeira (PT-RJ) e do ex-deputado estadual
Miguel Palmeira.
Dono da maior fortuna declarada entre todos os 594 congressistas, o deputado João Lyra (PTB-AL) é sócio de rádios e do impressoO Jornal.
Os veículos estão entre as dez grandes empresas do parlamentar, que
acumula bens no valor de R$ 240 milhões. Uma das filhas dele, Lourdinha
Lyra (PR) é vice-prefeita de Maceió. O deputado também é pai da “musa”
do impeachment de Collor, a ex-cunhada do ex-presidente Thereza Collor,
viúva do irmão de Collor, Pedro, autor das denúncias.
FONTE: CONGRESSO EM FOCO
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